Trabalhos Natália
Disciplina: Literatura
Coordenadora: Vanessa Moraes
1° ano - Turma:____
Professora:
Aluno(a):_____________________________________ N°.: ______
O CONCEITO DE LITERATURA
Gustavo Bernardo
(…) Podemos começar a nos apresentar a literatura pelo que ela é (ou parece ser), recorrendo às duas primeiras estrofes de um dos poemas mais famosos de toda a literatura mundial.
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que ele escreve
Na dor lida sentem bem
Não as duas que ele teve
Mas só a que eles não têm.
O poema, de Fernando Pessoa, se chama “Autopsicografia”. Não define a literatura, exatamente, mas o literato — ou, mais propriamente, o poeta (portanto, a si mesmo). Naquele caminho do dragão, o faz de maneira circular, sem, entretanto, retornar ao mesmo ponto. Afirma, primeiro, que o poeta é um fingidor, portanto, parente muito próximo do mentiroso. Afirma, a seguir, que o seu fingimento é completo, vale dizer, radical, chegando a fingir que é dor uma dor verdadeira. A dor, verdadeira, pode até ser a motivação inicial do poeta: uma dor-de-cotovelo, por exemplo. Ao representá-la, porém, pela radicalidade da poesia, ela se transforma em outra coisa: a dor
(sensação e emoção indizíveis) vira “palavra” e, portanto, se torna dizível. A emoção primeira se transforma em uma emoção nova, superando aquela emoção que dera partida aos versos.
Nesta primeira estrofe do poema de Pessoa (que, como sabemos, transformou-se ele mesmo em várias “pessoas”…), temos sintetizado um dos mais difíceis e controvertidos conceitos da teoria da literatura: o conceito de mimese. Assim como o mimetismo do camaleão o faz confundir-se com a casca da árvore em que se encontra, sem, no entanto, ser a árvore, de maneira equivalente a dor representada alude à dor original, sem, no entanto, ser esta dor. Todavia, a segunda dor, digamos,