Trabalho
Uma crítica
Paul Sweezy
Vivemos no período de transição do capitalismo para o socialismo, fato que empresta particular interesse aos estudos das transições anteriores de um sistema social para outro. Esta, entre muitas outras, é uma razão por que Studies in the development of capitalismo,
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de Maurice Dobb, é um livro tão atual e importante. Cerca de um terço do volume é dedicado ao declínio do feudalismo e à ascensão do capitalismo. No presente ensaio, concentrarei minha atenção exclusivamente a este aspecto do trabalho de Dobb.de feudal; e mesmo como relação dominante de produção, a servidão tem estado associada com diferentes formas de organização econômica em diferentes época e em diferentes regiões. Engels, em uma de suas últimas cartas para Marx, escreveu que "certamente servidão e dependência não são uma forma específica (spezifisch) medieval-feudal, encontramo-la em toda parte ou quase toda parte onde os conquistadores fizeram os antigos habitantes cultivarem a terra para eles".2
Segue-se daí, penso eu, que o conceito de feudalismo segundo Dobb é demasiadamente genérico para ser aplicável diretamente ao estudo de uma região determinada num período determinado. Ou, em outras palavras, o que Dobb está definindo não é em verdade um sistema social mas uma família de sistemas sociais, todos baseados na servidão. Ao estudar problemas históricos específicos, é importante saber não apenas que se está lidando com feudalismo, mas também com qual membro dessa família.
O interesse básico de Dobb reside certamente no feudalismo da
Europa ocidental, pois foi nessa região que o capitalismo nasceu e atingiu a maturidade. Parece-me, portanto, que ele deveria apontar com grande clareza quais são, para ele, as principais características do feudalismo da
Europa ocidental, fazendo em seguida uma análise teórica das leis e tendências de um sistema dotado dessas características. Tentarei mostrar mais adiante que, ao não