Trabalho português

Em contraste com o pôr-de-sol fortemente avermelhado na linha do horizonte, silhuetas negras de navios, rebocadores e lanchas. Destinos cruzados. Uma balbúrdia sem nexo. No céu, a dança das gaivotas, de olho no mar e em busca da sobrevivência. De repente, o mergulho. A presa no bico. Voo ascendente. Contêineres empilhados pelos guindastes. Trens, trilhos e silos. A paisagem retocada pela leve brisa. A maresia denunciada no vidro do automóvel. E no corpo suado dos estivadores e doqueiros, trabalhadores sem trégua. Boias amarelas espalhadas no mar. Sobre a superfície, manchas de óleo. No cais, lixo e mau cheiro. Navios de todas as partes do mundo, atracados, imóveis (as âncoras no mar). A tensão da grossa corda. Do outro lado, ao longe, um apito de mais uma partida para o mar aberto. Uma partida de sonhos para a amplidão. Luiz Mauro

O amor não é algo que o faz sair do chão e o transporta para lugares que você nunca viu. O nome disso é avião. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa que te faz perder a respiração e a fala. O nome disso é bronquite asmática. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa que chega de repente e o transforma em refém. Isso se chama seqüestrador. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa que você pode prender ou botar pra fora de casa quando bem entender. Isso se chama cachorro. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa cinza que lançou uma luz sobre ti, o levou pra ver as estrelas e o trouxe de volta com algo dele dentro de você. Isso se chama alienígena. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa que desapareceu e que, se encontrado, poderia mudar o que está diante de você. Isso se chama controle remoto da TV. O amor é outra coisa. O amor e simplesmente... o amor!

A mata dormia o seu sono jamais interrompido. Sobre ela passavam os dias e as noites, brilhava o sol do verão, caíam as chuvas do inverno. Os troncos eram centenários, um eterno verde se sucedia pelo monte afora, invadindo a planície, se perdendo no