Trabalho Escravo no Sudão

1466 palavras 6 páginas
A pobreza que ameaça a sobrevivência, velhos costumes tribais, conflitos devido aos pastos e pagamento de resgate pelos reféns fazem parte do contexto cultural do Sudão. Mas a escravatura que hoje se pratica no país é sobretudo uma das consequências mais desastrosas da guerra. Abdo: escravo. Impressiona, quando se chega ao Sudão, descobrir este nome aplicado, pelos árabes do Norte, aos negros do Sul. E escutar histórias como a de Abuk, tragicamente verdadeiras (ver caixa da pág. 22), ou como a de Emanuel, criança de nove anos «desaparecida» de Juba em 1993, encontrado pelos jovens da comunidade cristã de Fittihab (Cartum), dois anos mais tarde, em casa de um árabe.
Em 1987, dois professores universitários de Cartum, Suleyman Ali Baldo e Ushari Ahmed Mahmoud, desafiaram a censura governamental e denunciaram o novo tráfico de escravos no país, iniciado a partir de 1985. O então Governo de Sadiq el-Madhi, hoje na oposição, para fazer frente à força do Exército de Libertação Popular do Sudão (SPLA, formado sobretudo por sulistas e que pegou em armas contra o Poder islamita do Norte), resolveu armar as tribos da parte ocidental do país, vizinhas da zona habitada pelos dencas, a tribo com mais homens no SPLA.
Uma das consequências da política governamental foi o restabelecimento da captura e tráfico de escravos no Sul do Kordofan e Darfur, favorecido pela deslocação em massa das populações que fogem da guerra, pela limpeza étnica e pela natureza do terreno: bosques e savanas. A zona é caracterizada por aldeias dispersas, habitadas pelas tribos árabes dos rizeigat, dos massiria e dos bagaras, que são pastores nómadas e donos absolutos do território. Responderam com entusiasmo à chamada à jihad (guerra santa), que lhes dá total liberdade no tratamento dos «infiéis». Nada mudou para estes grupos árabes ao longo dos últimos cem anos. Na maioria analfabetos, o único progresso que registaram foi nas armas e nos meios de transporte modernos de que agora se servem:

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