Trabalho de literatura

Júlio Dinis

Pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, nasceu no Porto, em 1839. Formado em Medicina em 1861, entra para o magistério universitário na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, mas vê-se obrigado a abandoná-lo por motivo de doença: a tuberculose. A procura de saúde, retira-se para Ovar, nos arredores de sua cidade natal, e para a Ilha da Madeira. Falece precocemente, em 1871, no Porto.
Júlio Dinis cultivou o teatro (Teatro Inédito, 3 vols., 1946-1947), a crítica literária (Inéditos e Dispersos, 2 vols. 1910), a poesia (Poesias, 1873-1874), o conto (Serões da Província, 1870), o romance (As Pupilas do Sr. Reitor, 1867; A Morgadinha dos Canaviais, 1868; Uma Família Inglesa. 1868; Os Fidalgos da Casa Mourisca, 1872). Desses aspectos é a prosa de ficção, especialmente os romances, que possui interesse ainda hoje; o restante corresponde a iludidores pruridos numa sensibilidade de autêntico ficcionista.
A semelhança de Camilo, mas colocando-se em posição diametralmente oposta, Júlio Dinis cultivou o romance do namoro. Várias causas objectivas podem ser lembradas: primeiro, o conhecimento directo de romancistas ingleses (Richardson, Fielding...) graças à educação britânica, pois sua mãe era de ascendência irlandesa e inglesa; segundo, uma for-mação científica e positiva; terceiro, a impressão que lhe causou a leitura dos Contos do Tio Joaquim, de Rodrigo Paganino, efectuada durante uma de suas estadas em Ovar. Derivam dessas contingências as características principais da ficção de Júlio Dinis.
Excepto Uma Família Inglesa, uma espécie de risonha e mais ou menos autobiográfica análise da burguesia do Porto, os demais romances passam-se no campo. A natureza, sobretudo aquela intocada pela mão do homem, e sempre o remansoso cenário para o desenrolar macio de algumas vidas desambiciosas e tranquilas, guiadas inalteravelmente por enraizadas certezas na bondade humana e numa ordem e justiça de extracção divina. Respira-se em tudo um ar de saudável