trabalho de historia

“Tudo é nobre”. Dizia Sor Roderick Maltuse, um dos maiores cavaleiros com quem já eu convivi. Referia-se às causas e às lutas, como era de se esperar, não em sentido moral, mas social. Ele dizia que tudo quanto é feito por algum motivo, pretende-se conquistar ou defender algo. E o trabalho do nobre sempre foi conquistar ou defender algo. Não, pulo demasiada parte da história. Devo começar de onde iniciam os começos. As pessoas teimam em subestimar os sonhos, as experiências inconscientes enquanto nosso corpo processa o cansaço e nos devolve vitalidade. Mas a mim os sonhos sempre valeram muito mais que isso. Eles me levaram ao passado, um recorte pequeno e gasto, mas profundamente esclarecedor. Neste eu era uma princesa. Como as lembranças que se perdem enevoados pelo despertar, recordo mais das falas que das situações. O senhor meu pai era um rei de um reino tão grande como uma planície vista do céu, e tão pequeno quanto à mesma. Quem me contara aquelas estórias fora a Velha Ama. Não se sabiam quantos anos ela tinha naqueles olhos cheios de catarata, mas tão afiados como o fio da espada de qualquer cavaleiro juramentado ao meu progenitor fantasioso. Alguns diziam que ela nascera ainda na Gália, quando os primeiros francos a defendiam com unhas e dentes às invasões violentas do antigo Império Romano. Desta teoria originária, ela amamentara o herói Meroveu, avô de Clóvis, o grande unificador e fundador da dinastia merovíngia. Dos velhos contos da minha Ama, escutei delírios sobre reis indolentes, tão eficazes quanto sopros contra o vento, e seus mordomos de palácio. Ainda acredito que Maquiavel escreveu o Príncipe baseado nas relações de poder desses homens. Hoje, creio eu, os grandes Major Domus são os donos de empreiteira e banqueiros. Não me deixando vaguear demais os pensamentos pelo presente, voltemos ao passado de minha memória sonhadora. Neste sonho em especial, de uma quase vida, escutei as fábulas da Velha Ama sobre a Batalha de Poiters, quando Carlos