trabalho de historia
Campinas - 2006
ISBN 978-85-61621-00-1
O segundo centenário da Independência na América
Latina, um desafio historiográfico
Jaime de Almeida
Universidade de Brasília
Os parágrafos de abertura do texto “Memórias em Transformação”, de François-Xavier
Guerra, que pode ser lido na Revista Eletrônica da ANPHLAC,1 deixam muito clara a importância das comemorações como objeto de estudo das batalhas em torno da memória e do esquecimento. Neste artigo, apresentamos um convite à comunidade acadêmica voltada para os estudos hispano-americanos no Brasil para uma nova batalha.
Dentre todas as formas e variações de festas, as comemorações se apresentam como objetos muito especiais de, e para a reflexão historiográfica. Há uma intensificação e renovação da produção historiográfica a cada momento em que se celebram efemérides, visto que tradicionalmente aí se incluem encontros acadêmicos. Um exemplo notável é a Exposição Universal Columbiana de Chicago, de 1893, que exibiu ao mundo a pujança dos Estados Unidos em contraste com a decadência da Espanha nas comemorações do quarto centenário da América: naquele cenário, o historiador
Frederick J. Turner apresentou seu ensaio “The Frontier in American History”, que permanece até hoje como a mais importante referência para a interpretação da identidade norte-americana.2 Mais recentemente, a comemoração do segundo centenário da Revolução Francesa - no ano em que ruiu o Muro de Berlim - ensejou um debate acalorado entre os historiadores a propósito da idéia mesma de revolução.
Um exemplo contemporâneo do entrelaçamento entre a historiografia e as efemérides tradicionais é o grupo Historia a Debate que, sob a liderança do historiador Carlos
Barros, da Universidade de Santiago de Compostela, apoiado pela Xunta de Galicia, propõe um “forum permanente de debate, em tempos de transição de paradigmas” para organizar a comunicação e reunião de