Trabalho de concervação

1 INTRODUÇÃO O Brasil abriga uma das mais diversas avifaunas do mundo, com o número de espécies estimado em mais de 1.690 (CBRO, 2003 e IUCN, 2004). Isto equivale à aproximadamente 57% das espécies de aves registradas em toda América do Sul. Mais de 10% dessas espécies são endêmicas ao Brasil (Sick, 1993). A Amazônia apresenta o maior número de espécies, seguida pela Mata Atlântica e o Cerrado; entretanto, a maioria das espécies endêmicas do Brasil é encontrada na Mata Atlântica, especialmente nas terras baixas do litoral Sudeste e no Nordeste.

A perda, degradação e fragmentação de habitats e a caça especialmente para o comércio ilegal é a principal ameaça às aves brasileiras. As intervenções humanas afetaram, significativamente, as espécies de aves que habitam os ecossistemas naturais brasileiros. A resposta das aves a essas alterações varia desde aquelas que se beneficiaram com as alterações do habitat e aumentaram suas populações (p. ex., bem-te-vi [Pitangus sulphuratus]), até aquelas que foram extintas da natureza (p. ex., mutum-do-nordeste [Mitu mitu] e arara-azul-pequena [Anodorhynchus glaucus]). Na região neotropical, o Brasil é o país com o maior número de espécies de aves ameaçadas (Collar et. al., 1997).

No grupo das águias a Urubitinga coronata, conhecida popularmente como águia-cinzenta (Viellot, 1817) pertencente à ordem Accipitriformes, família Accipitridae, é uma das maiores aves de rapina encontradas no Brasil e também uma das mais raras. A espécie mede de 75 a 85 cm e pode pesar até 3 Kg. O adulto possui uma plumagem geral cinza-chumbo, apresentando penacho em forma de coroa e cauda curta e negra com duas faixas brancas sendo uma estreita e terminal, bem visível quando em voo. Já os filhotes apresentam estrias ventrais esbranquiçadas e coloração parda (Mikich & Bérnils, 2004; Fergunson-Lees & Christie, 2001).

Antigamente a Urubitinga coronata era conhecida como Harpyhaliaetus coronatus, em 1970, o ornitólogo Brown