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Rafaela Barreto

Analisando o texto "Abaixo Chapeuzinho" de João Ubaldo Ribeiro, tendo como base os princípios da argumentação levantados pelo linguista Antonio Suarez Abreu em seu livro "A Arte de Argumentar", foi possível identificar os recursos utilizados pelo autor e a sua estruturação no argumento de seu texto.

O texto do renomado autor baiano trata da problemática do poder do estado sobre liberdade e sobre o politicamente correto, focando esse tema na questão da "tutela", como o próprio escritor diz, que o governo tem feito na literatura- na reescrita e na censura de diversas obras.

"Abaixo Chapeuzinho" é iniciado sem mesmo tangenciar o significado do título; ao invés disso, o autor faz o uso do que Suarez Abreu chama de "tese de adesão inicial", onde apresenta um argumento de que o Estado vem a interferir na vida privada e nos valores de certo e errado dos cidadãos. Tal tese é estruturada de maneira que leva o auditório (como o linguista assim denomina) a concordar com essa primeira ideia, gerando uma estabilidade que permite o encaminhamento a sua tese principal.

O recurso mais visivelmente utilizado foi o do "argumento do ridículo" em todos os quatro últimos parágrafos do texto. O autor faz uso desse recurso para apontar a problemática da proposta que tenta contra argumentar. A proposta, como dito anteriormente, é a do Estado de adaptar os contos folclóricos e literários de forma que esses possam causar menos "danos" a sociedade. Ubaldo Ribeiro então começa a argumentar na mesma lógica que a proposta do estado, porém de forma que apresenta o absurdo dela, de modo que há uma clareza que o autor está caçoando do argumento e da proposta estadual. Um exemplo desse feito se encontra no penúltimo parágrafo, que cito: "Também grave, embora da mesma forma poucos reparem, é o presente que chapeuzinho leva para vovó. Doces? A altura da evolução da medicina, levar doces para uma senhora já velhinha? Doces nessa idade deveriam ser evitados." e ele continua em tal