trab trauma
Introdução:
Nas últimas décadas muitos fatores contribuíram para o advento de pacientes politraumatizados cada vez mais gravemente injuriados. Primeiramente, a melhoria do atendimento pré-hospitalar, com a adoção da filosofia “scope and run”, trouxe para os hospitais pacientes que originalmente teriam morrido no local do trauma. Além disso, houve e há a progressiva substituição de armas com maior poder de fogo e maior possibilidade de destruição tissular.¹
A abordagem tradicional não é efetiva para esses pacientes. Apesar de o ajuste físico ou mecânico durante a cirurgia ser sempre tecnicamente possível, a patofisiologia é tão extrema, que a morte ocorre a despeito do reparo anatômico.² A hemorragia grave resulta em diminuição da oferta de oxigênio, desencadeando metabolismo anaeróbio, acidose metabólica e necrose tecidual. A perda de calor e a falta de suprimentos energéticos dificultam a manutenção da temperatura corporal. A hipotermia que se segue influencia diretamente a cascata de coagulação e altera a função plaquetária, determinando coagulopatia e ainda maior perda sanguínea³. Uma combinação de profunda acidose, hipotermia e coagulopatia, também conhecida como “tríade da morte” é comumente observada nesses pacientes. Essa condição na maioria das vezes impede a finalização da cirurgia.¹
Nesse contexto, nasceu o “conceito de controle de danos”. Emprestado da marinha estadunidense, ele representa a capacidade do navio de absorver o dano e manter a integridade da missão². Em cirurgia, o termo controle de danos é definido como o rápido término de uma cirurgia após controle de hemorragia ameaçadora a vida e contaminação seguido de correção das anormalidades fisiológicas e tratamento definitivo.4
O termo controle de danos deve ser definido como uma constelação de abordagens para problemas cirúrgicos complexos, embora o conceito filosoficamente possa ser estendido para todas as áreas da medicina. Muitos autores de diferentes