Tp Dom Casmurro
—Não, minha senhora, não consentirei em tal vergonha! Fazer descer a família, tornar atrás... Já disse, mato-me! Não hei de confessar à minha gente esta miséria. E os outros? Que dirão os vizinhos? E os amigos? E o público? (p 17)
como entender que lhe chamasse nomes tão feios, e principalmente para deprimir costumes religiosos, que eram os seus? p 19
—Acho que nenhum; foi só para fazer mal. É um sujeito muito ruim; mas, deixe estar que me há de pagar. Quando eu for dono d. casa, quem vai para a rua é ele; p 20
Disse isto fechando o punho, e proferi outras ameaças. Ao relembrá-las, não me acho ridículo; a adolescência e a infância não são, neste pontos ridículas; é um dos seus privilégios. Este mal ou este perigo começa na mocidade, cresce na madureza e atinge o maior grau na velhice. p 20
Como vês, Capitu, aos quatorze anos, tinha já idéias atrevidas, muito menos que outras que lhe vieram depois; mas eram só atrevidas em si, na prática faziam-se hábeis, sinuosas, surdas, e alcançavam o fim proposto, não de salto, mas aos saltinhos. p 21
"Prometo rezar mil padre-nossos e mil ave-marias, se José Dias arranjar que eu não vá para o seminário". p22
A soma era enorme. A razão é que eu andava carregado de promessas não cumpridas. A última foi de duzentos padre-nossos e duzentos ave-marias, se não chovesse em certa tarde de passeio a Santa Teresa. p 23
Desde pequenino acostumara-me a pedir ao céu os seus favores, mediante orações que diria, se eles viessem. p 23
Era um modo de peitar a vontade divina pela quantia das orações; além disso, cada promessa nova era feita e jurada no sentido de pagar a dívida antiga. p23
José Dias vinha andando cheio de leitura de Walter Scott que fizera a minha mãe e a prima Justina. p 25
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