TORCIDAS JOVENS CARIOCAS: SÍMBOLOS E RITUALIZAÇÃO

8186 palavras 33 páginas
Esporte e Sociedade, número 2, Mar2006/Jun2006 http://www.lazer.eefd.ufrj.br/espsoc/ TORCIDAS JOVENS CARIOCAS: SÍMBOLOS E RITUALIZAÇÃO1
Rosana da Câmara TEIXEIRA
(Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ)

INTRODUÇÃO

As torcidas jovens cariocas constituem o tema deste artigo. No Rio de Janeiro, elas surgiram entre o final dos anos 60 e o início dos anos 70, encontrando-se entre as mais importantes de seus clubes seja em número de participantes, seja pela visibilidade obtida junto à mídia. As imagens e as interpretações veiculadas nos meios de comunicação enfatizam a transgressão e a agressividade deliberada como características centrais desses agrupamentos.
Logo, quando se afirma que estas torcidas são “violentas”, o que está suposto é que elas promovem a “desordem”, “intimidam”, praticam atos de “delinqüência e “vandalismo”, ferindo-se fisicamente, envolvendo e prejudicando outras pessoas.
Investigando as características deste tipo de sociabilidade, apresento e discuto símbolos que identificam as torcidas jovens e sua forma de ritualização no estádio. Nesse sentido, o objetivo do presente texto é procurar entender como o conflito e a rivalidade são apropriados e reinterpretados pelos torcedores, refletindo sobre as condições sociais em que produzem sua experiência.
Considero, portanto, as torcidas jovens cariocas, agrupamentos coletivos que promovem uma determinada sociabilidade juvenil no meio urbano, apesar dos padrões de conduta e convivência que produzem não se reduzirem a esta esfera. Supondo que tais torcidas dramatizem certos aspectos da sociedade brasileira (Damatta 1994), destaco aquele que explicita uma certa forma de ser jovem e a produção de uma dada cultura juvenil (Pais
1995). Por tudo isto, quando falo em “torcida jovem” estou referindo-me menos a uma faixa etária objetivamente definida e mais a um certo “espírito”, “estilo de vida”, que para esses torcedores caracteriza o

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