Tipos de conhecimentos
O mesmo espírito guiou a revista Época que, em sua edição de 14 de junho de 1999, estampou uma grande reportagem sobre “A ciência de escrever bem”, acerca da redação no vestibular.
O Brasil hoje não é europeu, africano, asiático, indígena.Nós somos a mistura exata de tudo isso, completamente deferentes das nossas origens, únicos. E apesar disso estamos indiscutivelmente atrelados aos princípios da nossa matriz. Talvez o ano 2000 possa servir para abrirmos os olhos e, em vez de comemorarmos os nossos cinco séculos coloniais, enterrarmos o que sobrou deles. [44]
Essa belíssima declaração de independência, essa consciência da especificidade cultural do povo brasileiro, essa valorização de nossa identidade nacional, única, parece que não foi totalmente compreendida pelos autores da reportagem. [44]
Ora, se são dicas para brasileiros que querem escrever bem, por que motivos eles têm de se lembrar do que existe ou não existe no português de Portugal. A título de curiosidade, lembro-me do
“Fado do ciúme” — sucesso na voz de Amália Rodrigues, uma das maiores cantoras portuguesas de todos os tempos —, cuja letra a certa altura diz: “antes prefiro morrer / do que contigo viver/sabendo que gostas dela” [45].
Por causa desse preconceito é que somos obrigados a ensinar e aprender que o “certo” é dizer e escrever Dê--me um beijo e não Me dá um beijo, e que é “errado” dizer e escrever Assisti o filme e Aluga-se casas, porque lá em
Portugal não é assim que se faz. [46]
Se algum de nós disser a um norte-americano que