Timeu e a teoria do conhecimento

No discurso de Timeu vemos que o autor buscou incessantemente a criação de obra que fosse capaz de explicar todas as coisas do mundo humano desde sua origem até a criação do homem, sendo assim uma cosmologia. O desafio da obra se encontra em explicar a origem de todas as coisas pautando-se no ideal inteligível, colocando exemplos perfeitos criados pelo arquiteto universal (uma figura de Deus diferente do Deus do cristianismo, mas com os mesmos poderes), a partir das criações deste Arquiteto que coloca a perfeição como molde das coisas primeiras como a figura de Kosmos e a própria criação do tempo. Esta cosmologia é de suma importância para entender como se é postulado o conhecimento da época.
Para fundamentar todo seu discurso o autor utiliza de uma base material, usa do mito da antiga Atlântica (cidade que hipoteticamente existiu) para fazer a construção do modelo de uma cidade perfeita relacionando o mundo inteligível com o mundo real (vide Atlântida). Nota-se também que nesta cosmologia grega diferentemente de outras os objetos da criação estão todos em uma relação de troca e constante mudança. O indivíduo (homem) se relaciona com o Kosmos da mesma forma que este mantém contato com a polis, sendo uma relação necessária entre eles sem a possibilidade de uma separação.
Vemos no Timeu como em todas as outras cosmologias a necessidade de encontrar uma verdade que dê conta de tudo, este tudo abrangeria também as coisas que se mantem em movimento (devir). Interessei-me na parte do discurso em que é dada uma atenção maior em relação à questão do ser e do devir, como seria possível fundamentar uma verdade tendo como princípio a mudança do Devir enquanto unidade que nunca é? No discurso nos é colocado que nada foi gerado pelo acaso, tudo tem uma causa, uma harmonia é estabelecida mesmo no caos do próprio Kosmos, nesta harmonia encontramos a relação do ser (o que é) com o devir (vir a ser), é uma relação de movimento, o ser só pode ser enquanto estiver em movimento, e