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2931 palavras 12 páginas
O RITUAL ESOTÉRICO EM “NESTE MUNDO EM QUE ESQUECEMOS”, DE FERNANDO PESSOA. GEBRA, Fernando de Moraes (PG/UFPR-CAPES)

As relações entre textos e discursos apresentam-se como um aspecto de considerável relevância nos estudos lingüísticos. Ao confrontarmos um discurso com outro, podemos perceber que um acaba por adentrar o universo do outro. No caso de um discurso de um determinado campo científico ou filosófico, pode ocorrer uma relação com o discurso literário, pela poetização. Pelos mecanismos lingüísticos, o autor pode poetizar um discurso outro na obra literária. É o que analisamos na Dissertação de Mestrado intitulada "O ritual esotérico no Cancioneiro de Fernando Pessoa", pois percebemos muitas marcas do discurso esotérico diluídas na obra pessoana, estabelecendo, assim, as relações interdiscursivas entre esoterismo e poesia. Após analisarmos sete poemas do Cancioneiro, pudemos obter alguns resultados, como a ligação narrativa entre eles, de forma a compor um verdadeiro ritual esotérico, em três etapas: desdobramento, iniciação e transcendência. Apesar de serem poemas compostos em diferentes datas, conseguimos estabelecer uma ordem que não é a cronológica, mas sim a ordem lógica. Cada poema funcionou como um fragmento, um sétimo do ritual esotérico que se opera no Cancioneiro. Nos sete poemas analisados, o discurso esotérico é poetizado através de componentes actanciais, espaciais e temporais ligados ao universo material. Em "Neste mundo em que esquecemos", objeto de análise do presente artigo, justificaremos sua inclusão na etapa ritualística da transcendência, por meio da análise das estruturas discursivas do poema.

Neste mundo em que esquecemos Somos sombras de quem somos, E os gestos reais que temos No outro em que, almas, vivemos, São aqui esgares e assomos. Tudo é noturno e confuso No que entre nós aqui há. Projeções, fumo difuso Do lume que brilha ocluso Ao olhar que a vida dá.

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Mas um ou outro, um momento, Olhando bem, pode ver Na sombra e

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