Textos

Passei muito tempo da minha vida a chorar todos os dias, a gritar, a sentir vontade de me magoar a mim própria. Sentia-me sozinha no mundo, sentia que caminhava na Terra em vão. Parecia-me que tudo estava contra mim, que nada acontecia da forma que eu desejava. Todos esperavam algo de mim que eu não conseguia dar. Todos queriam que eu estivesse lá para eles mesmo quando eu não podia, ou conseguia. O coração? Esse andava despedaçado por milhares de ilusões que todos os dias se atravessavam à minha frente. Ninguém parecia querer saber disto... Afinal, era só um momento mau. Afinal, todos temos dias cinzentos. Não era um momento mau. Não era um dia cinzento. As peças na minha vida não encaixavam bem. Por alguma razão isso mudou... Estava bem? Não. Só me cansei de estar mal. Só não continuei a arder porque não existia mais nada para queimar. Estou bem agora? Não. Só não encontro mais forças para estar mal. Estou apática. Melancólica. Tenho como que um muro em mim que separa aquilo que sou agora de tudo o que já passei. Sei que o muro vai ceder. Aliás, ele já está a ceder. Há dias em que não consigo controlar a maré, e desfaço-me em choros eternos. Tudo isto me tornou uma má pessoa. Costumava discutir com todos, a toda a hora, por todos os motivos. Abandonei quem me ajudou a construir o muro. Era egoísta. Mimada. Agora? Sei como controlar isto. Sei que existe quem precise de mim. Mas ainda sou dura. Há que manter o coração frio. Preciso de falar sobre isto, às vezes. Agora custa-me expressar-me. Dizer o que sinto por palavras. A vida é o que é. Posso ter muitos defeitos, mas não sou dramática. Não tenho pena de mim. Só queria partilhar a minha história. E como vêm, nem todas têm um final feliz. Por vezes, nem um final.

Sabes, eu queria poder saltar para as minhas histórias, talvez até para os meus poemas, queria ser uma das minhas personagens. Ter feições suaves, olhos castanhos, pestanas longas, bochechas rosadas, e cabelo cor de ouro, ser o quão perfeita tu