Textos b

Texto B
Ricardo Reis
Ricardo Reis, heterónimo pessoano, possui regras de vida, baseadas na junção de duas filosofias gregas: Epicurismo, que defende a busca dos prazeres moderados (“carpe diem”), como forma de atingir a felicidade, e Estoicismo, que defende a aceitação voluntária de um destino involuntário (poema «Segue o teu destino»). Este heterónimo tenta viver o momento, sem pensar nele, recusa-se a ter compromissos afetivos para não sofrer, como exemplo «Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti», é obcecado pela morte, pela presença do Fado, e pela efemeridade da vida ( «Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado»).
A nível formal, recorre à ode, usa o hipérbato e a anástrofe, como por exemplo, «Mestre, são plácidas/Todas as horas». Este autor tem como objetivos ensinar-nos/propor-nos uma filosofia de vida, daí ser o poeta da razão.
Álvaro de Campos
Sendo um heterónimo pessoano, Campos cultiva o futurismo, movimento de vanguarda europeia, que se define pela apologia da civilização industrial e técnica, como se vê no verso da «Ode Triunfal» «E há Platão e Vergílio dentro das máquinas e das luzes elétricas». Outra das características de Campos é o sensacionismo, excesso de sensações, euforia desmedida («Sentir tudo de todas as maneiras»), visível também no poema “Ode Triunfal” e característico da fase futurista do poeta. Nesta fase, a sua poesia é caracterizada pela pontuação emotiva; pelo recurso a onomatopeias («r-r-r-r-r-r-r eterno!»), a aliterações («Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força»), oximoros, procurando reproduzir os barulhos da civilização moderna. Mas, Campos evolui para uma outra face, marcada pelo pessimismo, intimismo, abulia, tédio, cansaço e dor de ser lúcido, visível em poemas como, por exemplo, «O que há em mim é sobretudo cansaço». A nostalgia da infância perdida é outra temática recorrente na sua poesia nesta fase, como se observa no poema “Aniversário”. Este poeta identifica-se nesta fase com Pessoa ortónimo,