Texto narrativo

Hoje pela manhã, depois do banho, sentei-me na cama de frente para o espelho, totalmente despida. Naquele momento senti um enorme desejo, não simplesmente de me ver, mas de me observar. Era como se eu quisesse enxergar a minha própria alma, o mais profundo do meu ser. Então pus a me olhar bem no fundo dos meus olhos, como nunca tivera feito antes e, enquanto eu me olhava era como se eu fosse me redescobrindo. A minha imagem foi se refazendo como num processo de mágica, pois o efeito foi quase que inacreditável.
Eu redesenhei em mim um novo ser. Novo nada. Era algo que já existia ali há muito tempo e que eu não conseguia enxergar. Não conseguia porque uso lentes de contato e as que eu estava usando tinham vencido e tive que trocá-las. Nossa! Como eu sou linda! Tudo em mim é radiante. A fisionomia do meu rosto: como os meus olhos, a minha boca; os meus cabelos: longos, lisos e loiros; o meu corpo: a minha pele não só branca como limpa e macia, o formato dos meus seios, as minhas pernas, as unhas feitas. Tudo “perfeito”! É claro que tudo isso muda com o passar do tempo, como os quilinhos a mais que adquiri nos últimos anos, nada que não possa ser corrigido em pouco tempo, mas até nisso tem beleza.
Enquanto eu me olhava, fui assistindo o filme de toda a minha vida, e pude ver o quanto sou maravilhosa, guerreira, corajosa, vencedora. Em nenhum momento eu deixei de ser o que sou: bela. Todas as vezes que eu caí (ou que tentaram me derrubar), eu me levantei mais forte e com mais garra de vencer novos desafios. Todas as vezes que eu errei (porque sou humana), eu aprendi com os meus erros e foram exatamente as minhas falhas que me tornaram a fortaleza que sou hoje.
Continuei assistindo lá do início, bem lá atrás e de onde estou hoje tive que olhar para baixo para compreender o quanto cresci e quantos degraus eu consegui subi na escada da vida e, cada um deles eu tive que batalhar muito, suar a camisa, transpor barreiras e obstáculos que pareciam intransponíveis. Por