teorias sociológicas do seculo XX
CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE
Maria José R. F. Coracini
RESUMO: Cet article a pour objectif de problématiser l’identité subjective et nationale, vue comme étant homogène et fixe, à partir de la presse contemporaine brésilienne. Résultat d’une recherche sur l’identité du
Brésilien constitué par le regard de l’autre – étranger (américain et européen) – que l’on célèbre et en même temps on refuse, on constate une assimilation de représentations contradictoires où cohabitent les discours du colonisateur, du colone et du colonisé, de la soumission et de l’ufanisme.
PALAVRAS-CHAVE: discurso, sujeito, identidade, identificação, interdiscurso, imprensa, memória.
Partindo do pressuposto extraído da psicanálise lacaniana e das teorias do discurso segundo o qual o outro nos constitui assim como constitui o nosso discurso, é possível afirmar que as representações que fazemos do estrangeiro e as representações que o estrangeiro faz de nós atravessam, de modo constitutivo, o sentimento de identidade subjetiva, social e nacional. Assim como nomear é dar realidade ao objeto, é possível afirmar que falar de um povo ou de um grupo social e até mesmo de um indivíduo é dar-lhes existência, fazê-los serem e acreditarem que são ou que
Maria José R.F. Coracini é professora da Universidade Estadual de Campinas.
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existem. Não é à toa que se diz que falar de alguém é manter esse alguém vivo, na memória do outro e, portanto, na sua própria memória...
Assim, ser brasileiro é ser o que dizem que somos e ver o outro do modo como o vemos. Mas nem sempre falar é sinônimo de reter na memória, a não ser que estejamos nos referindo à memória cognitiva, à consciência. Entretanto, o que somos e o que pensamos ver está carregado do dizer alheio, dizer que nos precede ou que precede nossa consciência e que herdamos, sem saber como nem porquê, de nossos antepassados ou daqueles que parecem não deixar rastros. O que somos e o que vemos está