Teatro A Moreninha

A moreninha
Joaquim Manoel de Macedo
Sala: Ao fundo duas portas e uma janela no centro: 2 janelas a d.: Mesa já usada e sobre elatinteiro, papéis, livros, dois castiçais de latão, espelho de caixa aberto, canapé velho: 2cadeiras, canastras, cabide com roupa, estante rude com livros, vasos, escovas, boião degraxa, etc. Botinas no chão, desordem enfim de casa de estudantes. prologo CENA 1ª
FILIPE – Bravo! (entrando e despindo a casaca e pendurando em um cabide velho).
Temos discurso – dizem junto os outros 3 rapazes
LEOPOLDO: Filipe sempre se torna orador depois do jantar.
FILIPE – Mas hoje eu só quero destacar a elegância do meu amigo Fabrício, que deve ter ido a uma visita diplomática. (todos riem)
CENA 2ª
(Augusto, Leopoldo, Fabrício e Rafael que serve café em louça muito desigual e oportunamente se retira: e logo Felipe que apenas entra, despe a sobrecapa, e vai, falando)
FILIPE - Rafael, traze-me aqui uma xícara. Onde vocês irão passar o dia de Santa Ana? (dirigindo-se aos amigos)
LEOPOLDO – Por quê?
FILIPE – Minha avó chama-se Ana e pediu-me para convidá-los a passar o fim de semana conosco na ilha.
LEOPOLDO – Eu vou.
FABRÍCIO- Eu também.
FILIPE- E tu Augusto?
AUGUSTO – Não.
FELIPE – É uma ilha bonita, reuniremos uma sociedade pouco numerosa, mas bem escolhida.
AUGUSTO – Melhor para vocês.
FILIPE- No domingo tem baile. Minhas primas vão.
AUGUSTO – Não as conheço.
FILIPE – São Bonitas.
AUGUSTO – Deixem-me. Vocês sabem o meu ponto fraco e caem-me logo com ele: moças.
LEOPOLDO – Então tuas primas são gentis? (pergunta a Filipe)
FILIPE – A mais velha tem dezesste anos, chama-se Joana, tem cabelos negros, belos olhos da mesma cor, e é pálida.
AUGUSTO – Hein? Pálida?
FILIPE – A mais moça tem um ano a menos, se chama Joaquina, loira, dos olhos azuis, faces cor-de-rosa...
AUGUSTO – Ai, meus pecados!
FABRÍCIO – Filipe, você já me disseste que tinhas uma irmã.
FELIPE – Sim, é uma moreninha de quatorze anos.
AUGUSTO – Moreninha! Ah não!