São João em Salvador antigamente

São João Antigamente
“Chegou a hora da fogueira/É noite de São João” lembrava Carmem Miranda interpretando magistralmente a marcha da autoria do compositor baiano Assis Valente em tempos distantes. Na década de 1930 ele compôs as três primeiras músicas com tema junino do MPB brasileiro de que se tem notícia: Cai, Cai, Balão; Chegou a hora da Fogueira e Capelinha de Melão.
São joão de antigamente em Salvador era tradição de fogueiras, mas também de guerras de espadas em Itapagipe e de soltar balões em toda a cidade. Iluminavam os céus, centenas deles, de todos os tamanhos e formatos, alguns imitando animais, outros com lanternas acessas no seu interior para recriar uma luz complementar à do fogo. A do Sr. Paim tinha 36 delas, um espetáculo para o povo admirar.
As lojas vendiam balões mais estilizados para quem tinha dinheiro, mas era o povo que fabricava os de menor porte, com papel importado da França, colado com grude de uma mistura de farinha de trigo cozida com limão e pedra hume para espantar os insetos. Alguns tinham formatos de porco, elefantes, camelos, peixes, ursos e formato de gente; a bucha era importante, algodão para os pequenos, estopa para os grandes e um bom azeite de peixe era recomendado como combustível.
Bandas de música acompanhavam a subida dos balões que coloriam o céu. Assis Valente também os viu: “O céu fica todo iluminado/Fica o céu todo estrelado/Pintadinho de balão” e reportando-se a sua infância de menino pobre Santamarense lembrou com nostalgia: “Quando era pequenininho/De pé no chão/ Eu cortava papel fino/para fazer balão/E o balão ia subindo/Para o céu da imensidão”. E então como os meninos de seu tempo olhavam para o céu e pedia “Cai, cai, balão/Aqui na minha mão/Não deixe o vento te levar/Numa noite de São João”.
A municipalidade estimulava as festas juninas, recomendava que as guerras de espadas não fossem realizadas nas ruas onde passava o bonde, mas ao mesmo tempo solicitava à Companhia Circular para suspender o serviço às