sociologia

RONALDINHO, AS TRAVESTIS E O PADRÃO GLOBO DE HETERONORMATIVIDADE1
Marcia Veiga2
Resumo
Neste artigo, pretendo discutir o viés heteronormativo da mídia a partir de uma análise do caso
“Ronaldo e as travestis”, amplamente veiculado nos meios de comunicação de massa do Brasil e do mundo. O objetivo é compreender as imbricações do jornalismo na reprodução e manutenção da hierarquia de valores e representações de gênero dominantes na sociedade brasileira.
Levando em consideração o papel da televisão no debate público social do país, e por se tratar de fato relacionado a uma das principais figuras do futebol nacional, escolhi como corpus de análise a repercussão do caso no programa Globo Esporte, da Rede Globo de Televisão. Para fazer esta discussão, trago o conceito de gênero e sexualidade articulados no âmbito dos Estudos
Feministas pós-estruturalistas e apóio-me nas teorias construcionistas do jornalismo que entendem as notícias como uma construção social.
Palavras Chave: Gênero. Sexualidade. Jornalismo. Travestis. Heteronormatividade.
1. Introdução
Nas sociedades contemporâneas, não há como pensar a formação de valores e normatividades, culturalmente construídos, sem levar em conta a atuação dos meios de comunicação de massa. Em especial num país como o Brasil, marcado por desigualdades que se fundam na diferença de atributos sociais tais como gênero, raça, classe e geração, entre outros, e se traduzem numa hierarquização excludente. Pode-se afirmar que não há como pensar a cultura3 em que estamos inseridos sem refletir sobre o papel da mídia, tendo em vista a complexa teia de sentidos e poder produzida através dos discursos veiculados. Ao refletir sobre as imbricações da mídia na cultura imaginamos ser possível compreender a reificação dos processos que transformam as diferenças em desigualdades, principalmente no que tange às identidades de gênero e sexualidades. E dentre os principais produtos midiáticos, entendo o jornalismo como
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