sOCIOLOGIA
“Asterios Polyp” é uma graphic novel publicada em 2009 por David Mazzuchelli, que retrata a vida de um professor universitário de arquitetura, que, após um raio que cai ao acaso perto de sua casa e incendia o apartamento, decide fugir para a pequena cidade de Apogee trabalhando como mecânico, levando apenas três objetos de sua vida anterior (um relógio de pulso que funcionava por imãs, um isqueiro Zippo e um canivete suiço Victorinox, todos que durante a narrativa revelam ter uma intíma ligação com a história do personagem). A história é narrada por seu irmão gêmeo, Ignazio, que nunca chegou a nascer, mas que Asterios é convicto que vive a vida dele em seu lugar. Para compensar esta angústia, Asterios filma seu apartamento, e, mesmo sem nem assistir suas filmagens, esta atitude o alivia, pois acredita que de certa forma as filmagens dão uma vida dupla a ele, que deveria ser de seu irmão.
“Asterios Polyp” é uma obra enfaticamente pós-modernista em muitos aspectos – seja na caracterização do personagem principal, fascinado pela cultura modernista, sempre repetindo o jargão de que “tudo que não é funcional é meramente decorativo”. Polyp, em seu próprio nome, carrega um passado que não possui um equivalente na realidade, ou seja, um simulacro – são apenas as primeiras cinco letras do “verdadeiro” sobrenome, já que o agente de imigração ficou com preguiça de escrever seu nome inteiro. A discussão sobre o simulacro prossegue no livro inteiro, com Ignazio, próximo do fim do livro, soltando a seguinte reflexão: “Toda lembrança, não importa quão remota, acontece “agora”, no momento em que é convocada a mente. Quanto mais algo é relembrado, mais vezes o cérebro tem chance de aprimorar a experiência original, porque toda lembrança é uma recriação, não uma reprodução”.
O próprio “apagamento entre a antes chamada alta cultura e a assim chamada cultura de massa ou comercial”, citado por Jameson, aparece na obra – Asterios, erudito