Sobre o cinismo Foucaulteano

1934 palavras 8 páginas
Elementos Fundamentais do texto “A Coragem da Verdade”

Pretendo elucidar numa súmula o conceito do surgimento da parresía foucaulteano. Foucault apontou a moral antiga do “é preciso dizer a verdade sobre si mesmo” como o elemento principal do “o que é parresía”. Tal moral ganhou força nos cadernos de anotações, que eram espécies de diários onde as pessoas escreviam sobre si mesmas, fosse para coligir as experiências tidas ou leituras feitas, ou para contar a si mesmas após o despertar dos sonhos. Assim formou-se uma “cultura de si”, a qual se via formular, desenvolver e transmitir um jogo de práticas de si como marcos históricos e sempre respeitando a lei da verdade; ou seja, uma prática comum à sociedade, e que institucionalizou- se no cristianismo.
Para que haja parresía, é necessário que tenha um outro alguém para quem o parresiasta profira a verdade. Mas esse outro personagem não deve apenas ser uma peça auditiva, tem de haver possibilidade de uma divergência entre ambos, e é justamente esse risco que caracteriza a parresía, nela é preciso que o parresiasta corra um risco com sua verdade, e talvez até de perder a vida.

Com relação ao cinismo, Dión Crisóstono faz uma interpretação da vida cínica que será retomada por Foucault pelo resto do capítulo.

“Primeiro, a vida kynikós é uma vida de cão na medida em que não tem pudor, não tem vergonha, não tem respeito humano. É uma vida que faz em público e aos olhos de todos o que somento os cães e os animais ousam fazer, enquanto os homens geralmente escondem. A vida de cínico é uma vida de cão como vida impudica. Segundo, a vida cínica é uma vida de cão por que, como a dos cães, é indiferente. Indiferente a tudo o que pode acontecer, não se prende a nada, contenta-se com o que tem, não tem outras necessidades além das que pode satisfazer imediatamente. Terceiro, a vida dos cínicos é uma vida de cão, ela recebeu o epíteto de kynikós porque é, de certo modo, uma vida que late, uma vida diacrítica

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