Sobre a decadência
Suas fontes para esta reflexão são de diversas origens e por vezes conflitantes, o que lhe vale a acusação por teóricos contemporâneos de construir uma teoria da decadência sem a devida sistematização das idéias e a falta de nexo entre os detalhes. O fato é que Ibn Khaldun ao estabelecer como pontos fundamentais a história e o Estado, deu-se conta da importância desse conceito para o entendimento da sociedade.
Quando se fala do avanço dos reinos cristãos do norte da península Ibérica em direção ao sul muçulmano, ou, mais especificamente de sua decadência, todos nós nos damos conta de que o autor, seja usando uma palavra ou outra, deseja designar o mesmo fenômeno. Trata-se portanto de um fenômeno que inquieta os homens desde a Antigüidade. Integrando-a por vezes em sua visão de mundo com resignação, outras com angústia, outras até com jubilação. O que de fato sabemos é que se trata de um tema crucial da existência humana.
Sua atenção se dá especialmente sobre o fenômeno de decadência, em que procura princípios que poderíamos chamar hoje de concepção organicista. A decadência é um processo normal e natural. Nosso autor crê num esquema orgânico da evolução dos impérios: “os impérios assim como os indivíduos têm uma existência que lhes é própria. Crescem atingem a maturidade e depois começam a declinar... A decadência dos impérios, sendo uma coisa natural, acontece de uma maneira idêntica a qualquer outro acidente, como, por exemplo a decrepitude que afeta a constituição dos seres vivos”. Vê na agricultura o fundamento