SOBRE PRECONCEITO

O preconceito pode balançar um prédio de 20 andares e atingir cruelmente somente um indivíduo alvo. Lembrando que todo individuo alvo pertence a um grupo relacionado, mesmo que este indivíduo alvo não esteja em interação com o grupo. Faço-me entender, quando atingimos um negro, atingimos a classe, grupo de negros; quando atingimos um homossexual, atingimos a classe, o grupo de homossexuais; quando atingimos um policial, atingimos a classe, grupo de policiais e, assim por diante. O preconceito é um fenômeno, pois isso é difícil sua erradicação. O preconceito é expressado continuamente não apenas pelas atitudes e práticas cotidianas, mas principalmente por meio da estrutura social . Assim entramos no enredo de Joseane e Mauro. É preciso deter-se nesse dado: o texto diz que “os dois estabeleceram um relacionamento afetivo muito intenso”. A intensidade de um relacionamento é medida através de alegria, contentamento, satisfação, prazer e gozo. Às vezes, um casal vive a intensidade apenas em um mês, depois disso, fica mais leve, como um gangorra que perde as forças, ai entra o que chamamos amor. O amor como diz Rita Lee é: “um livro, sorte, pensamento, teorema, prosa, nos torna patéticos, cristão, divino, bossa nova, para sempre, do bem, um, depois, de nós e demora, latifúndio”. Estou falando em amor, porque o texto diz que Joseane já começa a questionar o que sente por Mauro. O texto diz que a estrutura social de Joseane é diferente da de Mauro e que a família dela nunca aprovou a relação. Lembrando que o preconceito deve ser entendido como algo onipresente, começa oculto, depois vem à tona. Será que Joseane não está sendo persuadida pela fala da família dela? E pela falta daquela intensidade de início do relacionamento está deixando-se levar pela asas do preconceito? Todas essas perguntas são feitas porque o texto nos permite fazê-las, portanto, o que está por trás de todo desânimo de Joseane? Isso não sabemos, só sabemos que ela é de uma estrutura social diferente e