Simmel e o estrangeiro

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De acordo com a perspectiva proposta por Georg Simmel, o estrangeiro apresenta-se como alguém alheio aos costumes do contexto social onde está inserido. Este conceito, no entanto, difere-se objetivamente das ideias de viajante ou turista, pois ao passo que o viajante tem curta passagem por seu destino, e o turista não tem por objetivo inserir-se como nativo, o estrangeiro é aquele que muda-se para determinado espaço e passa a tentar conviver de acordo com moldes sociais que não aqueles que são dotados de significância e sentido em seu modus operandi de vivência. É crucial, portanto, ressaltar a sensação de não pertencimento inerente a posição de estrangeiro. Aquele que está submetido a esta condição sente-se a parte do grupo social, e é consciente de seu não pertencimento, pois não partilha dos ideais coletivos e não é capaz de encaixar-se aos moldes anteriores a sua chegada no grupo.
Contudo, embora carregue consigo o estigma da não coesão social, o estrangeiro é também parte do grupo, mesmo que lotado em uma posição desconfortável e dissonante. É um elemento já arraigado ao contexto social, embora tenha ideias que diferem e por vezes contradizem a moral comum dos demais.
Assim, convivendo cotidianamente com os diferentes, o estrangeiro é próximo aos nativos no que tange ao espaço físico, mas diferente no tocante da subjetividade de conceitos compartilhados. Esta dicotomia gera um paradoxo: ao mesmo tempo que sua presença é parte da vivência social, é tratado constantemente como alguém alheio ao conjunto, e portanto, é quase indiferente.
Conclui-se assim que o estrangeiro é aquele que por diferir dos demais em aspectos como a linguagem, os costumes e/ou a não partilha de axiomas sociais, trafega entre a proximidade e a distância na dimensão da sociedade. O estrangeiro, é portanto – como proposto por Simmel – uma figura da geometria social: é a forma que tem como conteúdo, o sentimento de estar a parte dos preceitos gerais de determinado ambiente.

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