Simbolismo

Música Misteriosa
Tenda de Estrelas níveas, refulgentes,
Que abris a doce luz de alampadários,
As harmonias dos Estradivarius
Erram da Lua nos clarões dormentes…
Pelos raios fluídicos, diluentes
Dos Astros, pelos trêmulos velários,
Cantam Sonhos de místicos templários,
De ermitões e de ascetas reverentes…
Cânticos vagos, infinitos, aéreos
Fluir parecem dos Azuis etéreos,
Dentre os nevoeiros do luar fluindo…
E vai, de Estrela a Estrela, a luz da Lua,
Na láctea claridade que flutua,
A surdina das lágrimas subindo… (Cruz e Souza, Obra Completa
Rio,Aguilar,1961,p.90)

1- A profunda introspecção do poeta simbolista faz com que descubra mundos interiores dificilmente explicáveis através do vocabulário usual. Daí a dificuldade muito frequente em se compreender sua poesia. A afirmação pode ser justificada através do soneto acima?
Nos poemas simbolistas os autores mergulham no seu inconsciente, no “eu” interior. Por adotar a estrutura parnasiana o uso de metáforas e palavras rebuscadas tornam difícil sua compreensão. É o que acontece no soneto “música misteriosa” de Cruz e Souza que descreve uma viagem aos astros, representando a imaginação do seu mundo dos sonhos e desejos.
2-O poeta simbolista, através da introspecção, chega a atingir o próprio subconsciente, onde tudo é vago, misterioso, e a projeção desse mundo interior exige mais do que palavras. Aí está a verdadeira essência da poesia simbolista: a correspondência entre o mundo interior e o mundo exterior, através de símbolos. Note-se que no poema acima Cruz e Souza busca essa correspondência através de imagens visuais e auditivas. Destaque os versos em que aparecem essas imagens.
No soneto acima, o autor vai além daquilo que se escreve, ele expressa sua introspecção através de imagens que ele diz vê ou sons que ouve. Podemos comprovar essa afirmação através dos versos:
“fluir aparecem dos Azuis estéreos”, “eram da