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Por Nira Worcman
Em pleno deserto, perto de Tucson, a Biosfera 2 foi construída como uma réplica da Biosfera 1, ou seja, o planeta Terra, com cinco de seus ecossistemas em miniatura: deserto, oceano, floresta tropical, savana e pântano. Para habitá-la foi escolhida uma equipe que viveria isolada do mundo durante dois anos. Comeriam o que plantassem. Reciclariam a água, os dejetos e até o ar. Nada entraria e nada sairia. O isolamento era a base do ideal de auto-sustentação que seria transplantado para Marte, se desse certo.
O mundo inteiro foi informado da experiência com estardalhaço. A revista Discover comparou-a, simplesmente, à conquista da Lua. Era um grande acontecimento. Mas só na teoria. Por trás do marketing e da publicidade de um investimento de 150 milhões de dólares em experiência científica, tudo deu errado. E, para esconder os fracassos, vieram as fraudes.
De saída, a concentração de gás carbônico na atmosfera fechada tornou-se tão alta que foi preciso removê-lo. Só que isso foi feito clandestinamente, sem contar para ninguém. Além disso, por baixo do pano, injetaram ar fresco na redoma. Depois, falharam as colheitas. Houve fome. Uma tripulante que saiu para tratamento médico voltou trazendo contrabando: a bolsa cheia de comida. No final dos dois anos, a tripulacão deixou a redoma, magra, pálida, faminta e desacreditada. A Biosfera ganhou, então, um apelido em inglês: Lieosfera — Esfera de Mentiras.
Apesar do escândalo, o bilionário texano Edward Bass, proprietário da empresa Space Biosphere Ventures, que montou a Biosfera 2, resolveu dar a volta por cima e recomeçar. Fez um