serLOUCO

833 palavras 4 páginas
“LOUCO, SIM, LOUCO, PORQUE QUIS GRANDEZA”, F. Pessoa

Por definição, “loucura” ou “insânia” é uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados "anormais" pela sociedade. Dito de outro modo, a “loucura” decorre de uma doença mental, quando não é classificada como a própria doença.

Se a constatação da insanidade mental de um indivíduo só pode ser feita por especialistas em psiquiatria clínica, eu, que sou poeta, nada posso acrescentar de útil. A não ser, claro está, o conhecimento que tenho do meu quadro psiquiátrico. Aquando da minha criação heteronímica, defini-me como um ser histero-neurasténico. Subtilezas vocabulares com o propósito de tornar mais curiosa a explicação para a origem mental dos meus heterónimos. Um dia, um leitor mais atento perceberá que tudo resulta da minha tendência para a simulação porque, na essência, sou um fingidor.

Hoje, tenho em mãos um projeto maior. Quero que a minha poesia trabalhe a linguagem da infância recalcada, a metáfora do desejo, o texto do inconsciente, a grafia do sonho – o tal que nos permite ver as formas invisíveis, quando há sensíveis movimentos da esperança e da vontade de quem busca, na linha fria do horizonte, os beijos merecidos da Verdade.

Preciso de um herói novo, alguém que, falando em primeira pessoa, interpele os jovens do meu país, revelando-lhes o seu sonho de grandeza. Não pode ser um discurso vulgar. Na forma e na substância, o herói novo assumir-se-á orgulhosamente como “louco”, e a força do seu querer será capaz de nos mover na busca de uma nova ideia de grandeza.
Muitos desconfiarão. Irão troçar da minha sensibilidade de poeta. Possivelmente, dir-me-ão para ser “louco” sozinho porque se sentem cómodos na sua “normalidade”. Se assim acontecer, usarei a antipsiquiatria como fundamento de resposta. Subirei a uma cadeira, não para lhes falar de mais alto, mas para que me vejam. Deixarei de lado as palavras de poeta e, com toda a energia que a minha crença me der, direi: a

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