Saúde Publica

criação das condições de possibilidade para a implantação de um governo de esquerda no Brasil passa diretamente pelo eixo da democratização das instituições estatais favorecendo a participação da sociedade civil em tal processo. É exatamente a construção do “Estado Necessário”, ou seja, aquele que aflora das contradições inerentes a nossa herança estatal autoritária e excludente para afirmar um projeto político democrático e popular fundamentado pela igualdade e inclusão das maiorias.

Nesse sentido, devemos compreender que a implantação de um governo de esquerda precisa se definir nas múltiplas determinações do “Estado herdado”, aquele que foi construído historicamente no país. Um Estado que combina a herança patrimonialista, clientelista, personalista, excludente e autoritária definida na longa duração da nossa história republicana, com o projeto militar-burocrático de modernização empreendido na segunda metade do século XX, além da redução e redefinições drásticas das instituições estatais conduzida pelo projeto neoliberal na ultima década do século.

Um aspecto fundamental que restringe o avanço do Estado necessário sob a dinâmica de um governo de esquerda no Brasil é a lógica binomial da concentração – exclusão existente na sociedade brasileira. As múltiplas concentrações existentes no país, fundiária, financeira, do solo urbano, acadêmico-científica, de mídia, educacional etc. necessariamente promovem a exclusão e impedem o aprofundamento de uma cultura política democrática no país.

As desigualdades profundas ainda existentes na sociedade brasileira fazem com que a capacidade de participação das maiorias seja barrada por questões como a fome, o analfabetismo, as relações de dependência com os grandes proprietários de terra, dentre outras que impedem o controle da agenda política e a definição das decisões sob o prisma da soberania popular seja um projeto com limitações estruturais no Brasil.

O pensamento político marxista compreende o Estado