Saussure
.. ,
LINGUISTICA GERAL
Organizado
CHARLES BALLY
por
SECHEHAYE
e
ALBERT
com a colabora~ao
ALBERT
de
RIEDLINGER
Pre facio
a
edi~ao brasileira:
SALUM
ISAAC NICOLAU
(da Universid'ade
de S. Paulo)
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Qual e 0 objeto, ao mesmo tempo integral e concreto, da Lingiiistica? A questaoe particularmente dificil: veremos Limitemo-nos, aqui, a esclarecer a dimais tarde por que. ficuldade. Outras ciencias trabalham com objetos dados prh·iamente e que se podem considerar, em seguida, de varios pontos de vista; em nosso campo, nada de semelhante ocorre. Alguem pronuncia a palavra nu: urn observador superficial sera tentado aver nela urn objeto lingiiistico concreto; urn exame mais atento, porem, nos levara a encontrar no caso, uma apos outra, tres ou quatro coisas perfeitamente diferentes, con forme a maneira pela qual consideramos a palavra: como som, como expressao duma ideia, Como correspondente ao latim nudum etc. Bern longe de dizer que 0 objeto precede 0 ponto de vista, diriamos que e 0 ponto de vista que cria 0 objeto; alias, nada nos diz de antemao que uma dessas maneiras de considerar 0 fa to em questao seja anterior ou superior as outras. Alem disso, seja qual for a que se adote, 0 fenomeno lingiiistico apresenta perpetuamente duas faces que se correspondem e das quais uma nao vale senao pela outra. Por exemplo: 1.9 As silabas que Se articulam sao impressoes acusticas percebidas pelo ouvido, mas os sons nao existiriam sem os orgaos vocais; assim, urn n existe somente pela correspondencia desses dois aspectos. Nao se pode reduzir entao a lingua ao
som, nem separar 0 som da articulac;;ao vocal; reciprocamente, nao se podem definir OS movimentos dos 6rgaos vocais se se fizer abstrac;;ao da