Sasken Sassen
SOUTH AMERICA, DECEMBER 2008
AS DIFERENTES ESPECIALIZAÇÕES DAS CIDADES GLOBAIS
By Saskia Sassen
Saskia Sassen descreve como as especializações das cidades que participam da economia global acabaram sendo mal interpretadas e negligenciadas pela atenção concedida aos padrões homogeneizados voltados aos novos ambientes de ponta.
O que se chama de ‘economia global’, no sentido de uma economia sem fronteiras, com hierarquias claras, não existe. A realidade consiste em um vasto número de circuitos globais muito característicos: alguns deles especializados, alguns de nível mundial, além de outros de caráter mais regional. Os diferentes circuitos são compostos por grupos diferentes de países e de cidades.
Por exemplo, hoje em dia, Mumbai faz parte de um circuito global de incorporação imobiliária, que inclui empresas provenientes de cidades tão diversas quanto
Londres e Bogotá. O comércio global de commodities, no caso do café, tem seus eixos principais em Nova
Iorque e em São Paulo. Buenos Aires pertence a um circuito comercial global de commodities que também inclui Chicago e Mumbai. As commodities comercializadas globalmente – ouro, manteiga, petróleo, café, sementes de girassol – são, em alguns casos, redistribuídas e enviadas para grande número de destinos, independentemente dos respectivos pontos de origem. O atual colapso de grandes instituições fi nanceiras, por envolver conjuntos específi cos de circuitos globais, não está afetando todas as cidades globais da mesma maneira.
A proliferação desses circuitos decorre não apenas das forças econômicas globais. A migração, o trabalho cultural e a luta, empreendida pela sociedade civil, para preservação dos direitos humanos, do meio ambiente e pela justiça social, também acarretam tanto a formação quanto o desenvolvimento de circuitos globais. As ONGs estão, portanto, lutando pela proteção da fl oresta tropical em circuitos que incluem o Brasil e a Indonésia, os