Samuel Huntington O Choque De Civilizacoes1

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deveu em grande parte 2 íntima afinidade cultural entre as duas sociedades. A inexistência de tal afinidade na balança de poder em mutação entre o Ocidente e a China não torna o conflito armado inevitável, porém o faz mais provável. O dinamismo do Islã é, assim, a fonte contínua de muitas guerras de linha de fratura relativamente pequenas; já a ascensão da China é a fonte em potencial de uma grande guerra intercivilizacional de Estados-núcleos.

Alguns ocidentais, dentre eles o presidente Bill Clinton, têm afirmado que o Ocidente não tem problemas com o Islã, mas apenas com os violentos extremistas fundamentalistas islâmicos. Mil e quatrocentos anos de História provam o contrário. As relações entre o Islamismo e o
Cristianismo, tanto Ortodoxo como Ocidental, foram frequentemente tempestuosas. Cada um foi o Outro do outro. O conflito do século XX entre a democracia liberal e o marxismo-leninismo é apenas um fenômeno histórico fugaz e superficial, se comparado com a relação continuada e profundamente conflitiva entre o Islamismo e o Cristianismo.
Em alguns períodos, prevaleceu uma coexistência pacífica, mas na maioria das vezes essa relação foi de la guerra fria e de diversos graus de guerra quente. John Esposito comenta que sua "dinâmica histórica
(...) frequentemente encontrou as duas comunidades em competição e , às vezes, engajadas em combates mortais por poder, terras e alma^".^
Através dos séculos, a sorte das duas religiões subiu e caiu numa seqüência de momentosos surtos, pausas e contra-surtos.
A primeira expansão centrífuga arábico-islâmica, do início do século
VI1 até meados d o século VIII, implantou o domínio muçulmano no Norte da África, na Ibéria, no Oriente Médio, na Pérsia e na Índia Setentrional.
Durante cerca de dois séculos, as linhas divisórias entre o Islamismo e o
Cristianismo ficaram estabilizadas. Depois, no final

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