Romantismo

Toda a arte de um tempo é também resultado de uma série de variáveis que, interagindo conjuntamente, produzem certas condições que propiciam e estimulam este ou aquele modo de ver e interagir com o mundo, o que, indubitavelmente, se reflete no campo artístico. A Literatura não é uma exceção a isso. Assim, fatores como a economia, a política, as relações sociais e as ideologias de uma época influenciarão autores e suas obras, bem como leitores e suas interpretações; para isso é preciso que estejamos familiarizados com alguns elementos que possam nos ajudar a situar e a compreender melhor estes fenômenos. Não podemos, inicialmente, falar em Romantismo Brasileiro sem, de certa forma, estar falando simultaneamente do movimento romântico como um todo. Muitas vezes estarei falando especificamente do romantismo no Brasil, com suas particularidades e suas características próprias, como irei mostrar mais adiante, mas procurarei falar também da poética romântica, que é o que explica a razão deste trabalho.
“(...) antes de considerarmos o romantismo brasileiro, precisamos caracterizar sinteticamente a poética romântica em si, como momento da literatura ocidental.” (MERQUIOR, pag. 49)
II
O Romantismo foi um movimento de oposição veemente ao Classicismo e isso se deu, sobretudo, na recusa a essa “cosmovisão” racionalista e à proposta estética que estava ligada a ela. Segundo Houaiss, classicismo é a “doutrina ou tendência que se funda no respeito da tradição clássica e que tem como características os ideais da Antiguidade Greco-latina e, ainda, a noção das proporções, o gosto das composições equilibradas, a busca da harmonia das formas e a idealização da realidade”. O termo primeiro foi classis, que significa “frota”, em latim. Então, os ricos que pagavam por esta “frota” eram chamados de classicis. Os escritores que escreviam para esta “parcela” da sociedade – mais afortunada/elevada – eram chamados de classicus. No livro organizado por Guinsburg, O Romantismo, é dito