Romance de 30

GRACILIANO RAMOS E O ROMANCE DE 30
O romance de 30
José Hildebrando DacanalConceito de romance de 30 – usado de forma pouco rigorosa (10).
Denominação dada a um conjunto de obras de ficção escritas no Brasil a partir de 1928, ano da primeira edição de A bagaceira, de José Américo de Almeida.
O conjunto de escritores que integram essa tendência não é homogêneo nem bem definido. Dele fazem parte Graciliano Ramos, Jorge Amado, Érico Veríssimo, José Lins do Rego, Cyro Martins, Raquel de Queiroz, Ivan Pedro de Martins e Aureliano de Figueiredo Pinto. Todos eles produziram obras de temática agrária. Também foram chamados de regionalistas de 30 ou neorrealistas (11).
O conceito é bastante impreciso. Alguns escritores também escreveram obras de temática urbana; outros não estão estritamente enquadrados no limite temporal (1928-1945); outros ainda não apresentam narrador de tendência realista, como Adonias Filho (11-12).
Desse conjunto, as obras de maior relevo são: São Bernardo, O tempo e o vento, Bangüê, Fogo morto, Terras do sem fim, São Jorge dos Ilhéus, A bagaceira, O quinze, Os Corumbas, Os ratos, Estrada nova, Porteira fechada, Fronteira agreste e Memórias do coronel Falcão (12).
Exclui-se do conjunto a obra Grande sertão: veredas, por suas características particulares (13).
As características do romance de 30 podem ser resumidas em sete (3 de ordem técnica e as demais de natureza temática):
O romance de 30 se atém à verossimilhança: o que é narrado é verossímil, é semelhante à verdade. Se não aconteceu, poderia ter acontecido no mundo real, histórico. O que justifica a exclusão de Grande sertão;
Em termos de estrutura narrativa, é fundamentalmente linear;
É escrito em linguagem filtrada pelo chamado “código culto urbano”. Está distante do artificialismo linguístico dos escritores do século XIX, mas não escapa às normas gramaticais convencionadas no espaço urbano, especialmente o discurso do narrador;
O romance de 30 fixa diretamente estruturas