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Roberto DaMatta
Carnavais, malandros e heróis

A obra procura entender o chamado dilema brasileiro. Busca entender os caminhos que tornam a sociedade brasileira diferente e única, um povo que intriga pela sua generosidade, sabedoria e, sobretudo, esperança. Estudar as peculiaridades de nossa sociedade é estudar também zonas de encontro e mediação, essas praças e adros dados pelos carnavais, pelas procissões e pelas malandragens, zonas onde o tempo fica suspenso e uma nova rotina deve ser refletida ou inovada, onde os problemas são esquecidos ou enfrentados.
Na busca por apresentar e interpretar o dilema brasileiro, o autor usará da antropologia social (saber por que e como os homens se comportam diferentemente segundo as sociedades em que vivem) e da sociologia comparada (comparando-se sociedades onde uma serve de ponto de apoio, controle e contraste, num exercício comparativo e dinâmico).
Tudo o que acontece em sociedades como a nossa tem uma dimensão dominante (histórica), de modo que o eixo temporal é sempre colocado em primeiro lugar na interpretação de qualquer domínio do nosso sistema. Mesmo entre nós, nem tudo é visto dentro de um universo cronológico. Fé, amor, a lealdade, caridade, justiça, etc, são valores e virtudes, chamados de ‘’valores eternos’’, colocados acima da história.
Se negar que a história é importante, cabe destacar que cada geração é capaz de produzir sua própria história, cada uma retira pontos básicos que compõem a história de sua sociedade para servir como referência diante das coisas. Segundo trecho do livro ; ‘’é precisamente isso que ocorre no caso de um cerimonial como o carnaval, em que todo um conjunto de fatores sociais e históricos é combinado e recombinado para realizar o que percebemos como o carnaval antigo ou moderno, do interior e da capital, do Norte ou do Sul, dos ricos e dos pobres’’.
Introdução ao conceito de ‘’rito’’ – o rito é considerado o instante em que buscamos transformar o particular no universal (nossa