Rios e traças: uma investigação queer na literatura cassandriana

4136 palavras 17 páginas
RIOS E TRAÇAS: UMA INVESTIGAÇÃO QUEER NA LITERATURA CASSANDRIANA

Ana Gabriela Pio Pereira
Paulo César Garcia

Resumo: O A trajetória da escritora Odete Rios, pioneira da literatura homoerótica feminina brasileira, é marcada pelo sucesso e pela intolerância. Se por um lado ela figura a lista das maiores vendedoras de livros do Brasil, por outro foi perseguida pela ditadura militar e condenada à condição de escritora menor pela crítica literária. Este artigo pretende tecer algumas considerações sobre o lugar da crítica que excluiu da academia a literatura de Rios e, ao mesmo tempo, buscar em um dos seus livros, As traças (1975), imagens da radicalização Queer dos anos 1990.

Palavras chave: obra de Cassandra Rios, homossexualidade feminina, censura, falocentrismo, queer.

Era 1975 quando As traças foi publicado. O livro, assinado por Cassandra Rios (pseudônimo da escritora paulista Odete Rios), representava mais um de uma série de romances protagonizados por mulheres que amavam mulheres. Ao longo de 299 páginas, o leitor conhecerá Andréa, uma estudante do colegial, e terá acesso ao percurso do seu envolvimento afetivo e sexual com uma de suas professoras, D. Berenice - mulher mais velha, experiente e sagaz. Apesar de não haver informações precisas sobre a quantidade de cópias vendidas, sabe-se que As traças, assim como inúmeros outros títulos, foi sucesso editorial. Aliás, Cassandra Rios, que escreveu quase cinquenta romances, foi uma das maiores, se não a maior, vendedora de livros da década de 1970, chegando a alcançar

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