Resumo "o que é o amor?" comte sponville

Segundo Comte-Sponville, amor não se comanda, pois é o amor que comanda. O amor comanda em sua ausência e por essa própria ausência. Não amamos o que queremos, mas o que desejamos, mas o que amamos e que não escolhemos. O amor não é um mandamento: é um ideal. O amor é primeiro em relação à moral, ao dever, à lei. É o alfa e ômega de toda virtude.
A língua grega tem três palavras para definir o amor: Eros, Philia e Agape. Cada uma delas o define de um jeito. Sponville tenta distinguir esses três tipos de amor no livro “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes”, que fundamentará a resposta do que é o amor.

EROS
Segundo uma lenda, o corpo de nossos ancestrais era duplo, tendo tudo o que temos hoje, em dobro. Além disso, tinham força e bravura excepcionais, a tal ponto de tentarem escalar o céu para combater os deuses. Para puni-los Zeus os cortou em dois, de cima a baixo. Estava acabada a completude. A partir de então cada um é obrigado a procurar sua metade. Essa busca, esse desejo é o que se chama amor, e, quando satisfeito, é a condição da felicidade. De fato, somente o amor recompõe a antiga natureza, ao se esforçar por fundir dois seres num só e curar a natureza humana. Portanto, quando um homem encontra aquele que é sua metade, são um prodígio os transportes de ternura, de confiança e de amor que dele tomam conta. É um amor exclusivo, pois cada um, tendo por definição uma só metade, só poderia viver um único amor.
Eros nunca repousa. A incompletude é seu destino, pois a falta é sua definição. Todo amor é amor a alguma coisa, que ele deseja e que lhe falta. O amor não é completude, mas incompletude. Não fusão, mas busca. O amor é desejo, e o desejo é falta. Se nem todo desejo é amor, todo amor (pelo menos esse amor: eros) é desejo: é o desejo determinado de certo objeto, enquanto faz falta particularmente. O amor, escreve Platão, “ama aquilo que lhe falta, e que não possui”. Se nem toda falta é amor, todo amor, para Platão, é mesmo falta: o amor não é outra