Resumo: a nocao de liberdade e emilio rousseau
■RESUMO: A educação natural de Rousseau é uma tentativa de mostrar como as paixões, se liberadas da deformação provocada pela opinião social, podem ser moralmente corretas. Se o Emílio, afirma Rousseau, é um tratado sobre a bondade natural do homem, esta bondade está fundada sobre a liberdade, e, sobretudo, sobre a liberdade das paixões.
■PALAVRAS-CHAVE: educação, bondade natural, liberdade.
Segundo o autor, ele permite melhor compreender a ordem entre seus escritos e alcançar os princípios fundamentais de seu “sistema”. Aceitando a indicação e o desafio proposto, o presente artigo tem como objetivo reconstruir argumentos centrais desenvolvidos por Rousseau acerca da constituição da noção de liberdade segundo o Emílio, isto é, segundo as duas etapas que caracterizam o seu conteúdo, a educação pela liberdade e a educação para a liberdade.
Para Pierre Burgelin, é a tarefa mais árdua e demorada, pois repousa “sobre o que há de mais íntimo, e talvez de mais rebelde em nós”. A aprendizagem da liberdade, conclui o comentador, “constitui nossa mais autêntica natureza de homem e a mais recôndita.
A proposição que inicia o capítulo primeiro do Contrato Social, “o homem nasceu livre e por toda parte se encontra sob grilhões” (Rousseau), encontra o seu exemplo no Emílio. Nesse “romance da natureza humana”, Rousseau tem como objetivo principal demonstrar que o homem da natureza, “saindo das mãos do Autor das coisas”, difere radicalmente do homem civil, que “nasce, vive e morre na escravidão”. Como se manifesta, pergunta o autor, a liberdade natural do homem? No âmbito físico, ela se identifica com a necessidade natural de movimento, cujos impedimentos à sua satisfação cria obstáculos ao desenvolvimento normal da criança e engendram efeitos físicos nefastos. Se a liberdade é um bem e a necessidade de movimento é a sua primeira manifestação, o uso “desnaturado” (dénaturé) da mesma representaria um excesso