Resumo do artigo: “A Dinâmica dos Processos de Marginalização: da Vulnerabilidade a “Desfiliação””, de Robert CASTEL.
Através daabordagem em termos de pobreza, a miséria econômica seria a base para as situações de grande marginalidade. Entretanto, é difícil definir um grau de pobreza que sirva como critério de decisão sobre quem precisa de apoio ou não, pois nem sempre as informações são suficientes. Além disso, existem formas de pobreza real que não necessitam de apoio; pois, apesar de não possuírem reservas, conseguem serautônomos e autossuficientes. Dessa forma, o nível de recursos econômicos não pode ser tomado como base características para uma situação de marginalidade.
A abordagem classificatória por categorias de dependentes é constituída na lógica dos serviços sociais. As populações são categorizadas num modelo de relação de serviço, objetivando sua proteção social através de recursos, especialistas einstituições especiais. Apesar de essa abordagem ter permitido a criação dos serviços sociais, ela contém um caráter estigmatizante, apresentando o risco de confinar os assistidos numa espécie de destino social e institucional definitivo; também, ela não consegue suprir todas as novas formas de marginalidade, pois não consegue absorver a dinâmica e transversalidade das marginalidades, que se relacionamentre si.
A abordagem das quatro zonas tenta esquematizar a questão de vulnerabilidade através do duplo processo de desligamento: em relação ao trabalho e à inserção social. A partir das gradações desses dois eixos, denominaram quatro zonas: a zona de integração, quando o trabalho é estável e há forte inserção relacional; a zona de vulnerabilidade, quando o trabalho é precário e há fragilidadeno apoio relacional; a zona de marginalidade ou de desfiliação, quando não há trabalho nem apoio relacional, apesar de aptos a trabalhar; e a zona de assistência, que se assemelham a zona de desfiliação por não possuírem trabalho e apoio relacional – diferenciando-se pelo fato de que os indivíduos desta zona não trabalham, pois, na verdade, não estão aptos a trabalhar, são inválidos - e por issopossuem tratamento diferenciado.
A seguir, o autor discute os desdobramentos da marginalização nos países europeus. Ele relata que até data recente (a 1997, como data o artigo), a Europa enfrentava uma situação de estabilização na zona de vulnerabilidade, sendo a marginalidade um fator residual da época. Eram exercidas técnicas de assistencialismo, provendo socorros restritivos à zona deassistência. Categorizavam esses indivíduos em dois subconjuntos de marginais: o primeiro constituía nos não assistidos, excluídos e marginalizados por serem incapazes de se adaptar às exigências da sociedade moderna; e os segundos, constituíam aqueles retirados provisoriamente da vida social comum, por alguma deficiência específica, em um regime de tratamento especial em espaços separados, deixando-osnuma relação de interdependência com o seu ambiente.
Segundo o autor, no contexto atual ainda dominam essas esquematizações, sendo os grandes marginais àqueles que fogem à institucionalização ou os que se encontram em instituições totalitárias. Nos últimos 15 anos (de 1997), houve uma retomada da vulnerabilidade, da conjunção da precarização do trabalho e da fragilização dos apoios relacionais.Essa retomada se dá, não pelo desemprego em si, mas pelo sua instabilidade de contratos, “empregos atípicos”, e pela fragilidade da condição salarial. Houve uma transformação no mercado de trabalho, mas também nas estruturas familiares, que quando compostas por apenas um provedor financeiro podem ser associadas à dependência econômica, ao isolamento relacional e ao risco de desemprego. Essa...
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