Resumo Bartelson

Jens Bartelson argumenta que o conceito de globalização sofreu uma série de mutações ontológicas nas ultimas décadas, e que nesse processo expulsou gradualmente os seus princípios fundadores para fora do quadro teórico responsável por sua criação. Para conseguir enxergar tal fenômeno, o autor utiliza-se da história conceitual e da forma como ela possibilita enxergar mutuamente o que um determinado conceito significa dentro de um dado contexto, e como o próprio conceito afeta esse contexto. A compreensão dessa ambiguidade da globalização torna-se crucial para entender a emergência da mesma como um fato.
Para o autor, a estratificação do mundo seguinte a crença anárquica das Relações Internacionais do “dentro e fora”, “unidade e sistema”, exclui naturalmente qualquer dinâmica que não pertença a algum desses níveis de análise, saindo portanto do escopo da disciplina. O conceito de globalização passa a manter então uma relação paradoxal com o mundo das RI pois, por um lado, parece pressupor a compartimentalização do mundo para que seu conceito ganhe significado teórico, mas por outro, ultrapassa qualquer possível estratificação.
Sendo assim, Bartelson fala sobre os três conceitos da globalização: a transferência, a transformação e a transcendência. O ponto de vista da transferência vê a globalização como um processo intenso de troca entre unidades limitadas pré-constituídas, e entre essas unidades e o sistema. O autor argumenta que embora a estrutura do sistema internacional possa mudar como resultado dessas interações, a sua ontologia pressupõe a existência de partes constitutivas, permanecendo portanto o mesmo enquanto as partes também permanecerem. O Estado moderno, visto sob esse paradigma, assume um papel de fonte da globalização, em detrimento ao de vítima, não afetando a capacidade de ação do Estado.
Já a globalização vista como transformação, diz que o processo ocorre no nível do sistema-mundo, consequência da interação entre variáveis sistêmicas em