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20 teses de política
Enrique Dussel
São Paulo, Expressão Popular/Buenos Aires,
Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales – CLACSO, 2007, 184 p.

JULIANA AMORETTI1
20 teses de política faz lembrar, já pelo título, o clássico texto de Karl Marx,
“Teses sobre Feuerbach” [1848]. Trata-se de um livro de filosofia política e ciências humanas cuja bibliografia inclui, além de Marx, Rosa Luxemburg, Gramsci,
Hegel, Rousseau, Weber, Levinas, Arendt, Bourdieu, Castells, Derrida, Agamben e outros. Preocupado em analisar e compreender o sistema em sua totalidade,
Dussel adverte que o político não é exclusivamente nenhum de seus componentes, mas todos em conjunto.
A primeira parte, “A ordem política vigente”, integra teses conceituais sobre os diversos momentos do político, seus níveis e esferas. Na segunda parte, “A transformação crítica do político”, as teses tratam, no nível mais concreto, conflitivo e crítico, da política como atividade transformadora.
O livro inicia com o tema da corrupção no campo político, na Tese 1. O fundamento apresentado para a compreensão do poder político é o poder da comunidade, no sentido de que todo o exercício do poder e da instituição será sempre delegado pela comunidade ou o povo. Omitir isso significa absolutizar e corromper.
A corrupção originária do político consiste na inversão operada por um ator político qualquer, presidente, deputado, juiz ou policial, que acredita ser
1 Doutoranda no Centro de Estudos Comparados Sobre as Américas, Instituto de Ciências Sociais da
Universidade de Brasília – CEPPAC/UnB ([e-mail]).

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detentor pessoal do poder político e transfere o poder institucional para a própria subjetividade. Há uma interessante complementaridade entre as Teses 2 e 3, intituladas “O poder político da comunidade como potentia” e “O poder institucional como potestas”, respectivamente. Nesses dois momentos do poder político, Dussel lembra que o poder não é privilégio de governantes.
Potentia é o