Resenha, o som do coração

O filme O som do coração (“August Rush”, Kirsten Sheridan,Warner Bros, 2007) é uma obra de ficção cujo roteiro (Nick Castle, James V. Hart, Paul Castro) explora de forma clara os aspectos mais literais da música como sentimento e forma de expressão.
O protagonista, Evan Taylor, posteriormente chamado de August Rush, é um prodígio musical de apenas onze anos de idade, dono de uma percepção musical aguçada, que é capaz de harmonizar mentalmente os sons e ruídos ao redor, conseguindo, literalmente, ouvir música de todos os lugares. Seu sentimento é de que seguindo esta música, conseguirá encontrar os pais que nunca conheceu, ambos também músicos que desistiram de tocar ao serem afastados drasticamente após um único encontro romântico que resultou na geração da criança.
Enquanto estava no orfanato, o garoto era tratado como uma aberração, ao afirmar que era capaz de ouvir o som da música que o levaria de volta à família. Isso retrata a realidade da maioria dos gênios da história, incluindo uma lista de compositores clássicos, hoje renomados; que inicialmente eram incompreendidos e discriminados, no entanto, ao fim reconhecidos por suas obras de teor único que revelavam por completo a genialidade de suas criações.
A musicalização de Evan se dá de forma totalmente intuitiva, tanto que ao primeiro contato com um instrumento musical, o violão, foi capaz de extrair um conjunto harmônico, através da improvisação tocada de forma nada convencional, que fascinou Mago, o homem que o abrigou após sua fuga do orfanato.
Mago era um músico prático que utilizava crianças abandonadas, dotados do mesmo talento, para fazer apresentações nas ruas, com o objetivo de conseguir dinheiro. Mas apesar de uma personalidade duvidosa e emoções volúveis, seu amor pela música era expressado pelo som solitário de sua gaita. Para ele o conceito mais apropriado para a música era de que ela “É a ligação harmônica entre toda a natureza [...]”
Tal conceito tem uma abordagem naturalista, que segue a