Resenha A construção social da realidade

Em sua obra "A construção Social da Realidade - Tratado de Sociologia do Conhecimento", Peter L. Berger e Thomas Luckmann abordam a realidade não no sentido de algo fixo e único, mas do ponto de vista de quem entende várias realidades e acredita que todas elas são plausíveis por se constituírem como conseqüências de questões sociais específicas. Os exemplos dados ao longo do texto são enriquecedores e funcionam como provas práticas do raciocínio desenvolvido pelos autores.
Os autores acreditam na relação face a face como o melhor exemplo de interação social por ser a única maneira em que se consegue reproduzir e interpretar inteiramente as expressões e as reações que estão ocorrendo durante o processo. Dessa forma, na visão do interlocutor, o outro indivíduo é o mais “real” possível, ou seja, palpável, visível, e, portanto, passível de ser compreendido. Por outro lado, os estudiosos também afirmam que nem sempre ocorrerá uma comunicação totalmente “eficiente” neste sentido, pois a “realidade” da interação será concebida de acordo com a “realidade” de cada ser envolvido. Neste processo, a linguagem é destacada como principal sistema de sinais necessários para que se construa e se compreenda a realidade.
A questão da realidade, ou das múltiplas realidades, é o fator norteador de toda a obra. Os autores procuram a todo momento deixar claro que o que é realidade para um homem habitante de uma determinada sociedade pode ser completamente inverossímil para outro que habita um grupo social distante ou diferente do primeiro. A partir desta noção, concluem que a tarefa da sociologia do conhecimento é abordar as múltiplas faces do conhecimento, seja ele considerado válido ou inválido, nas diferentes sociedades e os processos que levam um corpo de conhecimento a se firmar como “realidade”, ou seja, a maneira como as realidades são construídas.
Para os autores, a vida cotidiana é subjetivamente dotada de sentido pelas pessoas pelo fato de ser responsável pela formação de