Resenha Waking Life

Após não conseguir acordar de um sonho, um jovem passa a encontrar pessoas da vida real em seu mundo imaginário, com quem têm longas conversas sobre os vários estados da consciência humana e discussões filosóficas e religiosas. “Sonhar é o destino” – com essa enigmática frase, começa uma viagem única na tentativa de compreensão da vida. Nenhum dos personagens tem nome, nem mesmo o protagonista, mas todos têm muito a dizer. Muito mesmo. Temos verdadeiras aulas sobre os pensamentos de Platão, Aristóteles, Nietzsche, Jean Paul Sartre, através de diálogos instigantes e perguntas que são soltas em nossa mente. Não há um roteiro linear, são encontros e inserções diversas. Assistir Waking Life conduz a revisitar vários momentos de nossa vida, e retomar impressões e sentimentos, “acompanhando a maré”, como é dito no filme, ou seja, permitindo ao espectador ser dirigido pelo inconsciente, ainda que de forma consciente.
Waking Life é um filme extremamente perturbador e cerebral. Ele traz à tona uma questão: Somos conscientes enquanto dormimos, ou sonâmbulos enquanto acordados? Como identificar essa tênue linha que separa o real do imaginário? Há a abordagem de questões existenciais, amor, medo, desejo, comunicação, sonhos lúcidos, império da mídia, realidade ilusória, física quântica, sociabilidade, alienação, vida, escolhas, liberdade e livre-arbítrio. Também toma como pontos, ao longo do filme, temas, como o existencialismo, a política situacionista, pós-humanidade etc, extrapolando os limites e paradigmas do pensamento comum. O filme também apresenta a maneira como o nosso cérebro guarda as memórias de nossas experiências. Através do lúdico, penetra-nos profundamente, trazendo sequências de imagens que remetem ao universo onírico, revelando a possibilidade de se poder mergulhar tão profundamente nos próprios sonhos até à fusão com os mesmos, o que poderia significar a perda total da consciência, ou mesmo a morte do Eu. Com uma atmosfera muito característica, o efeito