Resenha trainsppoting

925 palavras 4 páginas
RESENHA
Mutável Utopia

Tainara Etheldrede Scalco[1]

Limites consistem em restrições. Ultrapassar as barreiras que delimitam o convencional é uma das formas de se chegar à liberdade. Mas, afinal, o que é ser livre? É nesse contexto de evasões e indagações que o filme Trainspotting reporta a geração dos anos 90. A heroína protagoniza ao lado das imposições sociais que assolam o cotidiano dos jovens de Edimburgo. Dirigido por Danny Boyle, o audiovisual homônimo do livro de Irvine Welsh foi adaptado por John Hodge. No seu elenco, estão grandes nomes como Ewan McGregor e Kelly MacDonald. Indubitavelmente, essa obra nos desperta para as hipocrisias do mundo moderno. Com a queda do muro de Berlim em 1989, o capitalismo se fundamenta e traz consigo o aparato de tecnologias que teve como pontapé inicial a Revolução Industrial. O grupo de jovens escoceses escolhe o derivado do ópio à normalidade de uma vida envolta por essas banalidades impostas como necessidades para a sobrevivência. A opção pela heroína contém uma crítica implícita. O aumento na quantidade de droga por dose é fundamental para se manter os mesmos efeitos antes conseguidos, assim como a crescente aquisição de superficialidades se torna indispensável para continuar estável num padrão social imaginável. Além disso, os diálogos que seguem ao longo da trama deixam evidente a revolta com a transição contemporânea. Uma prova é o fato de as personagens afirmarem que quando se é viciado as coisas são diferentes, em outras palavras, as preocupações com o mundo dão lugar a uma liberdade utópica no plano concreto, porém plausível na abstração. Os efeitos técnicos dessa cena corroboram a dramaticidade da situação, onde o ambiente pouco iluminado nos remete à agonia de um contexto revoltante. Também, é a partir dessa unidade narrativa, logo no início, que nos deparamos com o possível desfecho dos quatro “amigos”. As imagens chocantes que permeiam os noventa e quatro minutos do

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