Resenha sobre o filme o enigma de kaspar hauser

Porto Alegre, 18/11/2011
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Faculdade de Arquitetura
Departamento de Design e Expressão Gráfica
Disciplina: Semiótica
Por Lucas Gelásio Mörschbächer

Em 1828, um jovem foi encontrado em uma praça alemã segurando uma carta em sua mão esquerda. O filme O Enigma de Kaspar Hauser (original: Jeder für sich und Gott gegen alle), de 1974, trata a história desse jovem.

O filme começa com um ritmo lento. Cenas longas e repetitivas constroem o clima inicial, onde é apresentado o cenário (Alemanha, século XIX) e seu personagem principal, Kaspar Hauser. No início do filme ele está em uma cela, local onde viveu toda a sua vida, apenas recebendo alimento de um homem misterioso. Kaspar Hauser não fala e não age como um ser humano. Possui apenas um pequeno cavalo de brinquedo, o qual fica arrastando pelo chão repetida e freneticamente até ser golpeado pelo homem misterioso. Esse sujeito tenta ensiná-lo a escrever e a pronunciar algumas palavras e então certo dia solta-o das correntes e leva-o para o ambiente externo, onde há sol e campo. Kaspar Hauser não se ergue sozinho, nem parece saber caminhar.

Dessa primeira etapa do filme, podemos observar como deve ter sido a primeira etapa da vida de Kaspar Hauser. Ele não fala, pois não teve companhia o suficiente para desenvolver um idioma. Não sabe brincar com um cavalo de brinquedo, pois nunca viu um cavalo antes, muito menos seu movimento. É golpeado pelo homem, mas não parece demonstrar dor; tampouco demonstra surpresa ao conhecer o mundo exterior. Porém, se refletirmos sobre essa aparente insensibilidade, concluímos que está errado afirmar que Kaspar não sentia dor nem surpresa, pois estaríamos afirmando isso apenas de acordo com os nossos padrões de demonstração de dor e surpresa. Kaspar Hauser não teve referências das tais reações padrão, então não reage como nós reagimos, o que não indica que não sinta o que sentimos. Kaspar Hauser não demonstra saber caminhar, pois o