Resenha sobre o capítulo “Incentivos” do livro O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado, de Michael J. Sandel

Resenha sobre o capítulo “Incentivos” do livro O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado, de Michael J. Sandel

Michael J. Sandel é professor na Universidade de Harvard. Influente filósofo americano conhecido pelo seu famoso curso Justice na mesma Universidade em que leciona, e autor de obras como “Justiça: o que é fazer a coisa certa” e “O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado”. Neste presente capítulo, “Incentivos”, Michael Sandel discute sobre como os incentivos financeiros estão se tornando cada vez mais frequentes. Para isso, é apresentado vários exemplos polêmicos de como esses incentivos estão sendo empregados para o bem comum. Inicialmente, o autor mostra um caso de remuneração para mães viciadas em drogas se esterilizarem. Esta proposta se deparou com várias críticas por onde a notícia se espalhou. Para Sandel, esse comportamento hostil da população se deve por dois motivos, que ajudam a esclarecer os limites morais da lógica de mercado, que uns argumentam ser alguma espécie de coerção enquanto outros acreditam ser uma espécie de suborno. O primeiro argumento considera que, ao aceitar ser esterilizada em troca de dinheiro, uma mulher viciada não está agindo livremente por conta de sua situação financeira precária. Para uma boa análise do caso, Sandel se questiona em que condições as relações de mercado refletem uma liberdade de escolha e em quais vêm a exercer algum tipo de coerção. Já sobre o segundo argumento, sobre suborno, não se diz respeito às condições do trato, mas à natureza do bem que está sendo comprado e vendido, e mesmo ambas as partes sendo beneficiadas tal atitude teria um caráter corruptivo, pois trata-se de comprar ou vender algo que não pode ser posto à venda. Portanto, as mulheres viciadas ao aceitar serem esterilizadas por dinheiro estariam concordando que a própria capacidade reprodutora é um instrumento de ganho monetário, e não um dom ou uma questão de confiança que obedece a