Resenha: Santa Evita

Resenha: Santa Evita/ Tomáz Eloy Martínez; tradução Sérgio Molina. –São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

Tema: Entre ficção, mito e História

O livro Santa Evita do autor romancista e jornalista argentino Tomás Eloy Martínez nos mostra as inúmeras possibilidades de se construir uma história. No caso desse romance é apresentado um emaranhado de informações oriundas de diferentes fontes e relatos coletados pelo autor que nos permite uma gama diverssificada de interpretações acerca da história contada.
A narrativa é uma tentativa de representação histórica de forma não linear, com entrevistas, pesquisas, mas muitas vezes o narrador entra no cerne da individualidade dos personagens para mostrar o que se passa em seus pensamentos, evidenciando seus sentimentos mais íntimos. O narrador a priori está de fora do romance, mas ao desenrolar a história, passa a integrar a narrativa, mostrando o processo de construção do romance através das pesquisas entrevistas, documentos, vídeos e jornais e de seus próprios impasses pessoais, e vai nos dando indícios de que o autor é o próprio narrador, mas é na página 330 que isso vira uma certeza: “ - Tomás Eloy?
(...)
-Sou eu mesmo-disse. –Mas não estou procurando ninguém.” (pág. 330)
O interesse histórico centra-se na figura mítica, heroica, santificada de Eva Perón. Ao fazer isso o autor mostra suas angústias e perplexidades que o fazem se perder por essa figura chegando ao ponto dele mesmo duvidar da sua aptidão de escrever sua trajetória, mais do que isso na busca pela verdadeira Evita ele acaba sendo absorvido pela personagem:
“ E assim vou avançando, dia após dia, pelo frágil fio entre o mítico e o verdadeiro, deslizando entre as luzes do que não foi e as sombras do que poderia ter sido, vou perdendo-me nesses meandros e Ela sempre me encontra. Ela não cessa de existir; de existir-me; faz da sua existência um exagero.” (pág. 177)
O caminho que se abre ao longo da narrativa é a impossibilidade da